Jo
1.40-42
André
foi o primeiro de todos os discípulos a se
chamado (Jo 1.35-40). Como veremos adiante, ele foi responsável por
apresentar Pedro, seu irmão, a Cristo (Vs. 41-42). Seu desejo ardente de seguir
a Cristo, combinado com zelo em apresentar outros a ele, mostrava razoavelmente
o caráter de André.
André
era da vila de Betsaida (Jo 1.44), que ficava no norte da região da Galileia. A
certa altura, os dois irmãos se mudaram para a cidade maior de Cafarnaum, perto
de sua cidade natal. Na verdade, Pedro e André dividiam uma casa em Cafarnaum
(Mc 1.29) e de lá tocavam juntos um comércio de pesca. Cafarnaum era um ponto
especialmente privilegiado, uma vez que ficava na margem norte do mar da
Galiléia (onde a pesca era boa) e se encontrava na junção de importantes rotas
comerciais.
É
provável que, desde a infância, Pedro e André tivessem amizade com outros dois
pescadores – também nascidos em Cafarnaum – Tiago e João, filhos de Zebedeu. Ao
que parece, os quatro possuíam certos interesses espirituais em comum, mesmo
antes de se encontrarem em Cristo. Eles se tornaram discípulos de João. Os
quatro (Pedro, André, Tiago e João) eram melhores amigos e inseparáveis.
Todos
os quatro desejavam ser líderes, que exerciam liderança sobre os outros membros
do grupo, exercendo uma espécie de liderança coletiva. Dos quatro, André que o que aparece menos. As
Escrituras não relatam muita coisa a respeito dele, André viveu à sombra de seu
irmão Pedro.
Mas
apesar de seu irmão se destacar mais, não vemos ressentimento, nem rivalidade
da parte de André. Inclusive é André quem leva Pedro a Cristo.
André
possuía a atitude certa para exercer um ministério nos bastidores. Ele não
procurava ser o centro das atenções. Não parecia se incomodar com aqueles que
trabalhavam por trás das cenas, dos discípulos do círculo íntimo de Jesus
parecer ser o menos contencioso e o mais mediativo. Sempre que ele fala – o que
é raro nas Escrituras – diz a coisa certa, e não a errada. Sempre que age
separadamente dos outros discípulos faz o que é certo. Ao citá-lo pelo nome, as
Escrituras nunca o relacionam a qualquer desonra.
Certamente,
houve ocasiões em que seguindo a liderança de Pedro ou agindo em conjunto com
todos os outros discípulos, André cometeu os mesmos erros que eles. No entanto, quando é citado individualmente
as Escrituras sempre o elogiam. Ele foi um líder eficiente.
O
nome André significa “varonil” e se encaixa perfeitamente com o tipo de
atividade que exercia, pois para ser um pescador era necessária força
física. André era ousado, decidido e
ponderado. Não há nada de frágil ou melindrosos nele.
Características de André:
1 – ELE ENXERGAVA O VALOR DAS
PESSOAS COMO INDIVÍDUOS.
André apreciava o valor
individual das pessoas. Ele era conhecido por levar pessoas e não multidões a
Jesus. Quase todas as vezes que lemos algum relato do evangelho, ele esta
levando alguma pessoa a Jesus.
Foi André quem levou o
menininho dos peixes a Jesus (Jo 6.9).
Ver também Jo 12.20-22
– por alguma motivo, Filipe sabia que André é que podia apresentar as pessoas a
Cristo. André não ficava confuso quando
alguém desejava ver Jesus. Não perdia a compostura, nem se sentia desconfortável
em apresentar pessoas a Cristo, pois ele o fazia com frequência. Ele conhecia
bem a Jesus e não se sentia inseguro quanto levar outros a ele. Ele levou Pedro a Cristo (tornou-se o primeiro
missionário), levou gregos a Cristo (primeiro missionário transcultural).
A maior parte das
pessoas vai a Cristo por meio de uma abordagem individual e não por um apelo
coletivo. Não há nada nas escrituras que
indica que André tenha pregado para multidões, mas levou Pedro a cristo, o
grande pregador de Pentecostes.
2
– ELE ENXERGAVA O VALOR DAS DADIVAS INSIGNIFICANTES.
Algumas pessoas têm uma
visão mais clara das situação geral simplesmente porque apreciam o valor das
pequenas coisas. André se encaixava nessa categoria. Isso fica claro no relato
de João sobre os cinco mil que foram alimentados.
Jesus havia se dirigido
para o alto de um monte a fim de tentar ficar
a sós com seus discípulos. Quando Jesus tirava uma folga do seu
ministério público as multidões iam atrás dele. Era pouca antes da páscoa, o
feriado mais importante dos judeus. Esse episódio, ocorreu, exatamente um ano
antes de Cristo ser crucificado.
De repente as pessoas
chegaram, descobriram onde Jesus estava. Era quase hora de comer, e ao pregar
para o povo, Jesus iria usar o pão como ilustração. Assim, ele deixou claro que
desejava alimentar a multidão. Perguntou a Filipe onde poderia comprar o pão
(Jo 6.6).
Filipe fez as contas
rapidamente e concluiu que tinham apenas duzentos denários em dinheiro. Um
denário era o pagamento de um dia para um trabalhador comum, de modo que
duzentos denários equivaleriam aproximadamente ao salário de oito meses. Era
uma quantia considerável, mas a multidão era tão grande que mesmo duzentos
denários não eram o suficiente para comprar comida para todos. Ele e os outros
discípulos ficaram sem saber o que fazer (Mt 14.15,16).
Então, André entra em
cena (Jo 6.9). É claro que até mesmo André sabia que cinco pães de cevada e
dois peixinhos não seriam o suficiente para alimentar cinco mil pessoas, mas (a
seu modo típico) ainda assim levou o menino a Jesus. O Senhor havia ordenado
aos seus discípulos que alimentassem o povo, e André sabia que ele não daria
uma ordem como essa sem torna-la possível de ser cumprida. Então, André fez o
melhor que pôde. Identificou a única fonte de comida disponível e se certificou
de que Jesus soubesse dela. Algo dentro dele parecia entender que nenhuma
dádiva é insignificante nas mãos de Jesus. (Jo 6.10-13)
André parecia saber
instintivamente que não estava desperdiçando o tempo de Jesus ao levar para ele
uma oferta tão ínfima. Não é a grandeza de uma dádiva que conta, mas sim a
grandeza do Deus a quem ele á ofertada. André preparou o caminho para o
milagre.
É claro que, para
servir a multidão, Jesus nem precisava do almoço daquele menino. Ele poderia
ter criado alimento do nada com a mesma facilidade. No entanto, o modo como ele
alimentou os cinco mil serve de ilustração para o modo como Deus sempre opera.
Ele toma as dádivas sacrificiais e insignificantes de pessoas que contribuem
fielmente e as multiplica de modo a realizar coisas monumentais.
3
– ELE ENXERGAVA O VALOR DO SERVIÇO DISCRETO.
Algumas pessoas não
querem participara da equipe de cânticos a menos que possam tocar o bumbo. Essa
era a tendência de Tiago e João. O mesmo valia para Pedro. Mas não era o caso
de André. Em momento algum ele é citado como participante de grandes discussões.
Estava mais preocupado em levar pessoas a Jesus do que com quem recebia crédito
ou quem estava no poder. Não almejava a honra.
André é o retrato
perfeito daqueles que trabalham em silêncio nos lugares humildes. (Ef 6.6) Ele
não era uma coluna impressionante como
Pedro, Tiago e João. Era uma pedra mais humilde. Era uma daquelas pessoas raras
dispostas a ficar em segundo lugar e dar apoio. Ele não se importava de ficar
escondido, desde que o trabalho estivesse sendo realizado.
Essa é uma lição que
muitos cristãos de hoje fazem bem em aprender. As escrituras nos alertam sobre
os que querem ter proeminência (Tg 3.1, Mc 9.35). É preciso um tipo especial de
pessoa para ser líder com um coração de servo. André era assim.
Ao que tudo indica,
André jamais pregou para multidões ou fundou igrejas. Ele nunca escreveu uma
carta. Não é mencionado no livro de Atos e nem em qualquer outra epístola.
Na verdade, a Bíblia
não relata o que aconteceu a André depois de pentecostes. Seja qual for o papel
que tenha desempenhado na igreja primitiva, ele permaneceu nos bastidores. A
história diz que ele levou o evangelho para o norte (Rússia, Escócia). Acabou
sendo crucificado na Acaia, sul da Grécia, próximo a Atenas. Um historiador afirma que ele levou a cristo
a esposa de um governador provincial romano, enfurecendo seu marido. Ele exigiu
que sua esposa renunciasse à sua devoção a Jesus Cristo e ela se recusou.
Então, o governador ordenou que André fosse crucificado.
Ele foi amarrado à cruz
em vez de pregado a fim de prolongar o seu sofrimento (cruz em forma de X). Ele
ficou pendurado durante dois dias, exortando aqueles que passavam por ele a
buscar a salvação em Cristo. Depois de uma vida toda de ministério à sombra de
seu irmão mais famoso e a serviço do Senhor, ele teve uma morte semelhante à de
outro discípulo, permanecendo fiel e procurando levar as pessoas a Cristo até o
fim.
Ele foi desprezado?
Não. Ele foi privilegiado. Foi o primeiro a ouvir que Jesus era o cordeiro de
Deus. Foi o primeiro a seguir a Cristo.
Foi parte do círculo íntimo e que teve mais acesso a Jesus. Será gravado juntamente com os outros nas
fundações da cidade eterna.
André nos deixa uma
lição: em um ministério eficaz muitas vezes são as pequenas coisas que contam –
as pessoas como indivíduos, as dádivas insignificantes e o trabalho discreto.
Deus se compraz de tantas coisas.
(1 Co 1.27-29)
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