sexta-feira, 21 de junho de 2013

ANDRÉ - O APÓSTOLO DAS PEQUENAS COISAS


Jo 1.40-42                        

André foi o primeiro de todos os discípulos a se  chamado (Jo 1.35-40). Como veremos adiante, ele foi responsável por apresentar Pedro, seu irmão, a Cristo (Vs. 41-42). Seu desejo ardente de seguir a Cristo, combinado com zelo em apresentar outros a ele, mostrava razoavelmente o caráter de André.

André era da vila de Betsaida (Jo 1.44), que ficava no norte da região da Galileia. A certa altura, os dois irmãos se mudaram para a cidade maior de Cafarnaum, perto de sua cidade natal. Na verdade, Pedro e André dividiam uma casa em Cafarnaum (Mc 1.29) e de lá tocavam juntos um comércio de pesca. Cafarnaum era um ponto especialmente privilegiado, uma vez que ficava na margem norte do mar da Galiléia (onde a pesca era boa) e se encontrava na junção de importantes rotas comerciais.

É provável que, desde a infância, Pedro e André tivessem amizade com outros dois pescadores – também nascidos em Cafarnaum – Tiago e João, filhos de Zebedeu. Ao que parece, os quatro possuíam certos interesses espirituais em comum, mesmo antes de se encontrarem em Cristo. Eles se tornaram discípulos de João. Os quatro (Pedro, André, Tiago e João) eram melhores amigos e inseparáveis.

Todos os quatro desejavam ser líderes, que exerciam liderança sobre os outros membros do grupo, exercendo uma espécie de liderança coletiva.  Dos quatro, André que o que aparece menos. As Escrituras não relatam muita coisa a respeito dele, André viveu à sombra de seu irmão Pedro.

Mas apesar de seu irmão se destacar mais, não vemos ressentimento, nem rivalidade da parte de André. Inclusive é André quem leva Pedro a Cristo.

André possuía a atitude certa para exercer um ministério nos bastidores. Ele não procurava ser o centro das atenções. Não parecia se incomodar com aqueles que trabalhavam por trás das cenas, dos discípulos do círculo íntimo de Jesus parecer ser o menos contencioso e o mais mediativo. Sempre que ele fala – o que é raro nas Escrituras – diz a coisa certa, e não a errada. Sempre que age separadamente dos outros discípulos faz o que é certo. Ao citá-lo pelo nome, as Escrituras nunca o relacionam a qualquer desonra.

Certamente, houve ocasiões em que seguindo a liderança de Pedro ou agindo em conjunto com todos os outros discípulos, André cometeu os mesmos erros que eles.  No entanto, quando é citado individualmente as Escrituras sempre o elogiam. Ele foi um líder eficiente.

O nome André significa “varonil” e se encaixa perfeitamente com o tipo de atividade que exercia, pois para ser um pescador era necessária força física.  André era ousado, decidido e ponderado. Não há nada de frágil ou melindrosos nele.

 

 

Características de André:

1 – ELE ENXERGAVA O VALOR DAS PESSOAS COMO INDIVÍDUOS.

André apreciava o valor individual das pessoas. Ele era conhecido por levar pessoas e não multidões a Jesus. Quase todas as vezes que lemos algum relato do evangelho, ele esta levando alguma pessoa a Jesus.

Foi André quem levou o menininho dos peixes a Jesus (Jo 6.9).

Ver também Jo 12.20-22 – por alguma motivo, Filipe sabia que André é que podia apresentar as pessoas a Cristo.  André não ficava confuso quando alguém desejava ver Jesus. Não perdia a compostura, nem se sentia desconfortável em apresentar pessoas a Cristo, pois ele o fazia com frequência. Ele conhecia bem a Jesus e não se sentia inseguro quanto levar outros a ele.  Ele levou Pedro a Cristo (tornou-se o primeiro missionário), levou gregos a Cristo (primeiro missionário transcultural).

A maior parte das pessoas vai a Cristo por meio de uma abordagem individual e não por um apelo coletivo.  Não há nada nas escrituras que indica que André tenha pregado para multidões, mas levou Pedro a cristo, o grande pregador de Pentecostes.

2 – ELE ENXERGAVA O VALOR DAS DADIVAS INSIGNIFICANTES.

Algumas pessoas têm uma visão mais clara das situação geral simplesmente porque apreciam o valor das pequenas coisas. André se encaixava nessa categoria. Isso fica claro no relato de João sobre os cinco mil que foram alimentados.

Jesus havia se dirigido para o alto de um monte a fim de tentar ficar  a sós com seus discípulos. Quando Jesus tirava uma folga do seu ministério público as multidões iam atrás dele. Era pouca antes da páscoa, o feriado mais importante dos judeus. Esse episódio, ocorreu, exatamente um ano antes de Cristo ser crucificado.

De repente as pessoas chegaram, descobriram onde Jesus estava. Era quase hora de comer, e ao pregar para o povo, Jesus iria usar o pão como ilustração. Assim, ele deixou claro que desejava alimentar a multidão. Perguntou a Filipe onde poderia comprar o pão (Jo 6.6).

Filipe fez as contas rapidamente e concluiu que tinham apenas duzentos denários em dinheiro. Um denário era o pagamento de um dia para um trabalhador comum, de modo que duzentos denários equivaleriam aproximadamente ao salário de oito meses. Era uma quantia considerável, mas a multidão era tão grande que mesmo duzentos denários não eram o suficiente para comprar comida para todos. Ele e os outros discípulos ficaram sem saber o que fazer (Mt 14.15,16).

Então, André entra em cena (Jo 6.9). É claro que até mesmo André sabia que cinco pães de cevada e dois peixinhos não seriam o suficiente para alimentar cinco mil pessoas, mas (a seu modo típico) ainda assim levou o menino a Jesus. O Senhor havia ordenado aos seus discípulos que alimentassem o povo, e André sabia que ele não daria uma ordem como essa sem torna-la possível de ser cumprida. Então, André fez o melhor que pôde. Identificou a única fonte de comida disponível e se certificou de que Jesus soubesse dela. Algo dentro dele parecia entender que nenhuma dádiva é insignificante nas mãos de Jesus. (Jo 6.10-13)

André parecia saber instintivamente que não estava desperdiçando o tempo de Jesus ao levar para ele uma oferta tão ínfima. Não é a grandeza de uma dádiva que conta, mas sim a grandeza do Deus a quem ele á ofertada. André preparou o caminho para o milagre.

É claro que, para servir a multidão, Jesus nem precisava do almoço daquele menino. Ele poderia ter criado alimento do nada com a mesma facilidade. No entanto, o modo como ele alimentou os cinco mil serve de ilustração para o modo como Deus sempre opera. Ele toma as dádivas sacrificiais e insignificantes de pessoas que contribuem fielmente e as multiplica de modo a realizar coisas monumentais.

3 – ELE ENXERGAVA O VALOR DO SERVIÇO DISCRETO.

Algumas pessoas não querem participara da equipe de cânticos a menos que possam tocar o bumbo. Essa era a tendência de Tiago e João. O mesmo valia para Pedro. Mas não era o caso de André. Em momento algum ele é citado como participante de grandes discussões. Estava mais preocupado em levar pessoas a Jesus do que com quem recebia crédito ou quem estava no poder. Não almejava a honra.

André é o retrato perfeito daqueles que trabalham em silêncio nos lugares humildes. (Ef 6.6) Ele não era  uma coluna impressionante como Pedro, Tiago e João. Era uma pedra mais humilde. Era uma daquelas pessoas raras dispostas a ficar em segundo lugar e dar apoio. Ele não se importava de ficar escondido, desde que o trabalho estivesse sendo realizado.

Essa é uma lição que muitos cristãos de hoje fazem bem em aprender. As escrituras nos alertam sobre os que querem ter proeminência (Tg 3.1, Mc 9.35). É preciso um tipo especial de pessoa para ser líder com um coração de servo. André era assim.

Ao que tudo indica, André jamais pregou para multidões ou fundou igrejas. Ele nunca escreveu uma carta. Não é mencionado no livro de Atos e nem em qualquer outra epístola.

Na verdade, a Bíblia não relata o que aconteceu a André depois de pentecostes. Seja qual for o papel que tenha desempenhado na igreja primitiva, ele permaneceu nos bastidores. A história diz que ele levou o evangelho para o norte (Rússia, Escócia). Acabou sendo crucificado na Acaia, sul da Grécia, próximo a Atenas.  Um historiador afirma que ele levou a cristo a esposa de um governador provincial romano, enfurecendo seu marido. Ele exigiu que sua esposa renunciasse à sua devoção a Jesus Cristo e ela se recusou. Então, o governador ordenou que André fosse crucificado.

Ele foi amarrado à cruz em vez de pregado a fim de prolongar o seu sofrimento (cruz em forma de X). Ele ficou pendurado durante dois dias, exortando aqueles que passavam por ele a buscar a salvação em Cristo. Depois de uma vida toda de ministério à sombra de seu irmão mais famoso e a serviço do Senhor, ele teve uma morte semelhante à de outro discípulo, permanecendo fiel e procurando levar as pessoas a Cristo até o fim.

Ele foi desprezado? Não. Ele foi privilegiado. Foi o primeiro a ouvir que Jesus era o cordeiro de Deus.  Foi o primeiro a seguir a Cristo. Foi parte do círculo íntimo e que teve mais acesso a Jesus.  Será gravado juntamente com os outros nas fundações da cidade eterna.

André nos deixa uma lição: em um ministério eficaz muitas vezes são as pequenas coisas que contam – as pessoas como indivíduos, as dádivas insignificantes e o trabalho discreto. Deus se compraz de tantas coisas.

(1 Co 1.27-29)

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