INTRODUÇÃO
No mundo ocidental, até o fim do século
XVII, a cosmovisão teísta era claramente dominante. Havia disputas intelectuais
como há hoje, mas, em sua maioria eram disputas familiares. Dominicanos podiam
discordar de jesuítas, jesuítas de anglicanos, anglicanos de presbiterianos,
mas todas essas partes concordavam com o mesmo conjunto básico de
pressuposições. O Deus da Bíblia, triúno
e pessoal, existia. Ele se revelava a nós e podia ser conhecido; o universo era
sua criação; os seres humanos eram sua criação especial.
Portanto, durante o período que vai da
Idade Média até o fim do século XVII, a fé mui muitos poucos desafiavam a
existência de Deus ou sustentavam que a realidade final era impessoal ou a
morte significava a extinção individual. Todos viviam em um contexto de ideias
influenciando e informado pela fé cristã. Até aqueles que rejeitavam a fé
muitas vezes viviam sob o medo do fogo do inferno ou das angústias do
purgatório. Pessoas más poder ser rejeitadas
a bondade cristã, mas reconheciam a si mesmas como más, basicamente
pelos padrões cristãos – rudemente entendidos, sem dúvida, mas cristãos em sua
essência. As pressuposições teístas que estavam por trás dos valores já vinham
no leite materno.
Havia uma base para o significado como
para a moralidade e também para a questão da identidade. É apropriado,
portanto, iniciar o estudo sobre cosmovisões a partir do teísmo. É a cosmovisão
fundamental, da qual todas as outras essencialmente derivaram e se
desenvolveram entre os anos 1700 e 1900. Seria impossível retornar ao tempo
anterior teísmo, ao classicismo grego romano, mas, mesmo assim, quando ele
ressurgiu na Renascença, era visto quase somente dentro do referencial teísta.
TEÍSMO CRISTÃO BÁSICO
Pressuposições básicas:
1 – Deus é infinito e pessoal (triúno),
transcendente e imanente, onisciente, soberano e bom.
1.1
–
Infinito.
Isso
significa que Ele está além do espaço vital, além de medidas, no que se refere
a nós. Nenhum outro ser do universo pode confrontá-lo em sua natureza. Tudo o
mais é secundário. Ele não tem semelhante, mas somente Ele é o ser total o
fim-total da existência. Ele é, na verdade, o único ser autoexistente (Ex
3.14). Ele existe de uma forma que ninguém mais existe (Dt 6.4). Assim, Deus é
a única existência primordial, a fonte de toda a realidade.
1.2
–
Pessoal.
Isso
significa que Deus não é uma energia, ou substância existente. Deus é ele; isto
é, Deus tem personalidade. Personalidade requer duas características: 1)
auto-reflexão; 2) autodeterminação. Ou seja, Deus sabe quem ele próprio é e ele
pensa e age. Deus possui atributos, características, mas Deus é uma unidade de
complexidade. Deus é triúno, isto é, dentro da essencial da divindade temos que
distinguir três pessoas, que não são três deuses, nem três partes ou modos de
Deus, mas co-iguais e co-eternos com Deus.
1.3
–
Transcendente.
Isso
significa que Deus está além de nós e do nosso mundo. Ele é diferente. Deus não
é uma pedra; ele está além dela. Mas Deus não está tão além que não possa
manter nenhuma relação com o mundo criado por ele.
1.4 – Imanente.
Isso significa que Ele está conosco.
Deus está presente em todos os lugares, em toda a Sua criação. (Hb 1.3)
Significado do dicionário: Diz-se de um ser que se identifica a
outro ser
1.5
–
Onisciente.
Deus
é todo conhecedor. Ele é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim (Ap 22.13). Ele
é a fonte final de todo conhecimento e de toda a inteligência. É aquele que
conhece.
Sl
139
1.6
- Soberano.
Deus
cuida e governa todas as ações do seu universo. Ele expressa o fato de que nada
está além do interesse final, do seu controle e autoridade.
1.7
–
Bom.
Essa
é a declaração primária do caráter de Deus, dela fluem todos os demais. A
Bondade é a essência do caráter de Deus. A bondade de Deus é expressada de duas
formas:
Santidade
(Jo 1.5) – santidade é sua separação de tudo aquilo que temo menor vestígio do
mal.
Amor
(1 Jo 4.16) – Isso conduziu Deus para o autosacrifício e expressão completa do
seu favor ao seu povo.
A
bondade de Deus significa que há um padrão absoluto de justiça e que há
esperança para a humanidade.
2
-
Deus criou tudo do nada e criou um sistema aberto.
Deus é a fonte
de toda a existência. Mas Ele não fez o universo fora de si mesmo. O Universo veio a existir pela palavra de Deus
(Gn 1-3)
Sistema aberto: Deus não fez o cosmo
para que ele seja um caos. O Universo é ordenado, não confuso. O mundo reflete
o próprio Deus. Mas essa sistema está aberto, ele não é programado. O Universo
é reordenado por Deus e pelos homens. Adão e Eva fizeram uma escolha que teve
tremendo significado. Mas Deus fez outra escolha ao redimir as pessoas através
de cristo. O homem pode construir, poluir, matar, destruir, limpar, preservar a
vida.
3 – Os seres humanos são criados à
imagem de Deus por isso, possuem
personalidade, autotranscedência, inteligência, moralidade e criatividade.
Gn 1.16-17
Somos pessoais porque Deus é pessoal,
isto é, reconhecemos a nossa existência (somos autoconscientes) e tomamos
decisões sem coação (possuímos autodeterminação). Somos capazes de atuar por
nós mesmos. Cada ser humano possui um caráter único por meio do qual pensamos,
desejamos, pesamos consequências, recusamo-nos a pesar consequências,
perdoamos, recusamos o perdão, em suma, escolhemos agir.
Somos transcendentes, agimos sobre o
nosso ambiente. Reagimos às circunstâncias,o que fazemos revela o nosso eu.
Agimos para mudar o curso das coisas. Temos: inteligência (capacidade de razão
e conhecimento), moralidade (capacidade de reconhecer e entender o bem e o
mal), capacidade social (temos necessidade de companheirismo), criatividade
(habilidade de imaginar novas coisas ou dotar velhas coisas com significado
humano).
Temos uma dignidade conferida pelo
próprio Deus (Sl 8.5).
4– Os seres humanos podem conhecer
tanto o mundo à sua volta quanto o próprio Deus, porque Deus o municiou com essa capacidade e assumiu um papel ativo
na comunicação com eles.
Deus se dá a conhecer ao homem (Rm
1.18). Deus entregou a Moisés os Dez mandamentos e revelou um longo código de
leis por meio do qual os hebreus poderiam ser governados. Deus ainda se revelou
aos profetas num grande número de trilhas da vida (Hb 1.1-3).
Deus pode se comunicar claramente
conosco e o tem feito. Por isso, podemos conhecer muito sobre Deus e é o que
ele deseja para nós.
5 – Os seres humanos foram criados
bons, mas pela Queda a imagem de Deus foi desfigurada, embora não completamente
arruinada a ponto de não se possível a restauração, apenas pela obra de Cristo
ela acontece que dá início ao processo de restauração da humanidade.
A história humana pode ser subdividida
em quatro palavras: criação, queda, redenção, glorificação. Os seres humanos
foram criados perfeitos e bons (Gn 1.31). No que consiste a bondade humana? Em
ser o que as pessoas que Deus queria que fossem, a tragédia é que não
continuamos a ser como Deus nos criou.
Todos os aspectos do ser humano foram
afetados pela queda: Personalidade (perdemos a nossa habilidade de conhecermos
a nós mesmos com precisão), autotranscedência (ficamos alienadas na nossa
relação com Deus e com o próximo, inteligência (não podemos ter um conhecimento
preciso da realidade à nossa volta, nem capazes de pensar sem cair no erro),
moralidade (não somos capazes de discernir entre o bem e o mal), socialmente
(começamos a explorar outras pessoas), criativamente (nossa imaginação se
separou da realidade, a imaginação tornou-se ilusão e artistas que criaram
deuses à sua própria imagem.
Mas a humanidade é passível de redenção
e tem sido redimida. A queda é demonstrada em um capítulo, mas a história da
redenção toma o restante de Bíblia. A humanidade redimida é a humanidade no
processo de restauração da imagem desfigurada de Deus, em outras palavras, cura
substancial em toda área da vida – personalidade, autotranscedência,
inteligência, moralidade, capacidade social e criatividade.
A humanidade glorificada é a humanidade
totalmente curada e em paz com Deus, formada por indivíduos em paz com os
outros e consigo mesmos.
6 – Para cada pessoa, a morte é ou o
portão para a vida com Deus e seu povo ou o portão para a separação eterna de
Deus.
Para os teístas, na morte, as pessoas
são transformadas. Ou entram numa existência com Deus e seu povo, ou entram em
uma existência para sempre separada de Deus, vivendo em solidão.
7 – A Ética é transcendente e está
baseada no caráter de Deus como bom (santo e amoroso).
Deus é a fonte do mundo moral. Há um
padrão pelo qual todos os julgamentos são medidos. O padrão é o caráter de
Deus. Há, portanto, um padrão de certo e errado, e as pessoas que querem
conhecer isso podem conhece-lo.
8 – A história é linear, uma sequência
significativa de eventos que convergem para o cumprimento dos propósitos de
Deus para a humanidade.
Isso significa que as ações das pessoas
– tão confusas e caóticas quanto possam parecer – são, apesar de tudo, parte de
uma sequência significativa que tem início, meio e fim. A história não é
reversível, não repetitiva, não cíclica, a história não desprovida de
significado. A história caminha para um lugar, em direção a um fim
estabelecido. A história tem sentido porque Deus está por trás de todos os
eventos, não apenas sustentando, mas também cooperando para o bem daqueles que
são chamados por Deus. Por trás de tudo há um Deus amoroso.
O que é tempo
linear? A
perspectiva linear de tempo nasceu com a tradição judaico-cristã. O tempo
linear é uma sucessão contínua de eventos irrepetíveis e irreversíveis. O seu
movimento é retilíneo – reta ininterrupta de registros históricos singulares.
Sendo uma linha, o tempo linear é finito. A sua
trajetória é circunscrita por uma linha histórica determinada - tem começo e
fim. Como traço histórico perpétuo, o tempo linear é uma série evolutiva
de fatos históricos inéditos. Trata-se do curso progressivo de acontecimentos
únicos em direção ao futuro. Por fim, o tempo linear é dotado de significado. O
seu desdobramento de momentos inalteráveis é orientado por um propósito final (télos). Ou seja, todos os eventos
possuem sentido na medida em que ocorrem em vista de uma finalidade última.
O que é tempo cíclico? Em contraposição ao conceito
temporal linear, os gregos primitivos propunham uma idéia cíclica de tempo. Sem
começo nem fim, o tempo cíclico é um eterno retorno. Uma vez que nenhum evento
é absoluto, o tempo cíclico repousa na permanente seqüência de ciclos
repetitivos. O seu movimento circular contínuo é caracterizado pelo perpétuo
retorno de momentos. Isso significa que a história não comporta nenhum fato
singular. Pelo contrário, a história é marcada pela reedição de acontecimentos
passados. Portanto, o tempo para os gregos antigos não passa de um círculo
inexorável – sem saída e sem fim. Tudo está condenado a girar eternamente na
roda da história.
CONCLUSÃO
O teísmo cristão depende de seus
conceitos de Deus, porque o teísmo sustenta que tudo deriva de Deus. A grandeza
de Deus é a doutrina central do teísmo cristão, é o ponto de referência que dá
sentido à vida e faz das alegrias e pesares da existência humana. O cristão
teísta plenamente ciente, portanto, não apenas crê e proclama essa visão como
verdadeira. Seu primeiro ato está direcionado a Deus – uma resposta de amor,
obediência e louvor ao Senhor do Universo – seu criador, mantenedor e, através
de Jesus Cristo, seu redentor e amigo.
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