Hoje em dia as
livrarias estão entulhadas de livros e revistas sobre relacionamentos. Muitos talvez achem que esse módulo não seja
relevante, tendo em vista a abundancia de material disponível. A nossa proposta aqui é
que vejamos uma leitura dos relacionamentos a partir de duas lentes: pecado e
graça. Se ignorarmos uma das duas tenderemos a ser ingênuos ou cínicos. Muitos
recorrem a técnicas da sabedoria humana para aprenderem a se relacionar, no
entanto, as técnicas humanas não podem prometer mudanças pessoais e
interpessoais duradouras. E há um erro fatal na sabedoria humana: a promessa de que podemos mudar nossos
relacionamentos sem ter que mudar a nós mesmos.
Sobre isso C.S. Lewis
faz a seguinte afirmativa: “Nosso Senhor considera
nossos desejos não demasiadamente fortes, mas demasiadamente fracos. Somos
criaturas perdidas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições, desprezando a
alegria infinita que Ele nos oferece, como uma criança ignorante que prefere
continuar fazendo seus bolinhos de areia numa favela porque não consegue
imaginar o que significa um convite para passar férias na praia. Contentamo-nos
com muito pouco.”
Nos relacionamentos nós
nos contentamos com uma diminuição da tensão nos relacionamentos, mas Deus quer
nos levar ao extremo e reconhecer que precisamos de um relacionamento com Ele e
com o próximo. Cada sofrimento que temos
em um relacionamento tem o propósito de
nos lembrar da nossa necessidade dele. E cada alegria serve como metáfora para
aquilo que podemos encontrar apenas nele.
Precisamos entender que
quando aprendemos a amar a Deus mais do que nossos entes queridos, nós amaremos
nossos entes queridos mais do que amamos agora.
Mas se amarmos os nossos entes queridos em detrimento de Deus, nos
aproximaremos do ponto em que não teremos nenhuma amor pelos nossos entes
queridos. Quando colocamos o mais importante em primeiro lugar, aquilo que vem
em segundo, não é reprimido, mas aumentado.
Exemplos de pontos de
tensão em nossos relacionamentos:
·
Ficamos com raiva dos nossos filhos
adolescentes que complicam a nossa vida.
·
Assumimos uma atitude de defesa quando
somos desafiados.
·
Evitamos encarar conflitos por medo.
·
Ostentamos uma atitude exageradamente
política no trabalho.
·
Nos contentamos com relacionamentos
danificados que poderiam ser restaurados.
·
Fofocamos sobre outras pessoas.
·
Mentimos com medo da reação dos colegas.
·
Traímos nossas convicções a fim de
agradar a outros.
·
Procuramos relacionamentos confortáveis
e evitamos relacionamentos difíceis.
·
Duvidamos de Deus quando nossos
relacionamentos se tornam confusos.
·
Invejamos os outros pelos seus
relacionamentos.
·
Tentamos controlar os relacionamentos
para satisfazer nosso desejo de segurança.
·
Explodimos de raiva quando alguém atrapalha
nossos planos.
·
Diante da decepção, nos tornamos
amargurados.
Objetivos do módulo:
Colocar o mais importante em primeiro
luga
Capacitá-lo a fazer isso
Auxiliá-lo nas mudanças práticas.
Provocar uma nova agenda em nossos
relacionamentos.
Como Deus quer que
vejamos nossos relacionamentos?
a) Nós fomos criados para
relacionamentos.
Gn
2.18
Essa
afirmativa tem mais a ver com o plano de Deus para nós do que com a necessidade
de Adão. Deus nos criou como seres
relacionais porque Ele é o Deus social. Dentro da Trindade, Deus vive em
comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e ele criou a humanidade à sua
imagem.
Esse
versículo nos revela a natureza com a qual Deus nos criou. E porque Deus criou
um ser social – projetado para viver em relacionamentos – a criação permanece
incompleta sem um companheiro adequado.
A
palavra auxiliadora nos passa a idéia da natureza complementária de todos os
relacionamentos humanos. Assim os seres
humanos foram criados com a necessidade de um relacionamento vertical e horizon
b) De certa forma, todos os
relacionamentos são difíceis.
Todos
os nossos relacionamentos são imperfeitos.
A entrada do pecado nos relacionamentos causou frustração e confusão. Já
no próximo capítulos encontramos homens e mulheres trocando acusações e
calúnias.
Em
genesis 04 as coisas pioram e temos o primeiro assassinato. Por isso, não é de admirar que nossos
relacionamentos sejam tão confusos. Nossa luta contra o pecado se revela neles
a cada instante. Se quisermos desfrutar de algum progresso ou de alguma benção
em seus relacionamentos, precisamos reconhecer nossos pecados com humildade.
3) Todos nós somos tendemos a ver os
relacionamentos como um fim, em vez de um meio.
Ao
refletirmos sobre Genesis 1-3, entendemos que o relacionamento primário a ser
desfrutado por Adão e Eva era seu relacionamento com Deus. Essa comunhão com
Deus era o fundamentos para a comunhão entre eles. A função de toda a criação
era servir como uma seta que aponta para Deus. Mas, em nosso pecado, tendemos a
tratar as pessoas e a criação como mais importantes. As coisas que Deus criou para revelar a sua
própria glória se tornaram na própria glória que buscamos.Nós
buscamos a satisfação em relacionamentos humanos, quando esses deveriam apontar
para a satisfação relacional perfeita
que encontramos apenas com Deus. Ao
revertermos essa ordem, elevando a criação acima do criador, acabamos
destruindo os relacionamentos que Deus queria que desfrutássemos.
4) Não existem segredos que garantam relacionamentos livres de problemas.
Todos
nós estamos à procura de estratégias ou técnicas que nos livrem da dor nos
relacionamentos e do penoso esforço que bons relacionamentos exigem. Achamos que um planejamento melhor, uma
comunicação mais eficiente, uma definição clara dos papéis, uma estratégia para
resolver conflitos, estudos sobre o sexo oposto, testes de personalidade, façam
a diferença.
Talvez
haja valor em algumas dessas coisas, mas se elas forem tudo o que precisamos
então a vida, morte e ressurreição de Jesus teriam sido desnecessárias. Ajustes comportamentais não mudam
relacionamentos de forma profunda, se não houver uma mudança na inclinação de
nossos corações, e essa mudança só acontece em Cristo Jesus.
5) Em algum momento, você perguntará
se cultivar relacionamentos vale a pena.
Sempre
haverá um dia que nos sentiremos desanimados e decepcionados com os
relacionamentos. A saúde e maturidade de
um relacionamento não se reflete na ausência de problemas, mas sim na forma
como lidamos com os conflitos, que são inevitáveis. Somos pecadores que vivem
na companhia de pecadores. Um bom
relacionamento inclui suficiente sinceridade para identificar padrões
pecaminosos que tendem a afetá-lo. Ele também inclui humildade e disposição
para proteger a si mesmo e a outra
pessoa desses padrões. Já que os
problemas humanos são resultado de batalhas espirituais em nossos corações, os
relacionamentos sábios sempre procuram estar atentos a essa lutas ocultas.
Sempre precisamos ficar atentos aos desejos do nosso coração.
Uma
boa maneira de identificarmos isso está na forma de lidarmos com as nossas
decepções relacionais. Como você faz? Fala a verdade, demonstra paciência, se
aproxima das pessoas com sutileza, pede
e concede perdão, ignora ofensas menores, encoraja e honra outros. Buscar
entender o próprio coração é uma demonstração de maturidade cristã.
6) Deus nos mantém em relacionamentos
confusos para cumprir seus propósitos de redenção.
Aquilo
que buscamos evitar é exatamente aquilo que nos transforma à imagem de
Deus. Relacionamentos difíceis são sinal
do amor e cuidado de Deus para conosco. Antes de Deus transformar o nosso
relacionamento ele usa o relacionamento para nos transformar.
Em
meio às confusões dos relacionamentos nossos corações são revelados, nossa
fraquezas expostas. Quando os relacionamentos nos levam ao limite buscamos a
ajuda que apenas Deus pode providenciar.
7) O fato de nossos relacionamentos
funcionarem verdadeiramente bem é um sinal claro da graça de Deus.
Um
dos maiores empecilhos que enfrentamos em nossos relacionamentos é a nossa
cegueira espiritual. Temos grande dificuldade em enxergar o nosso pecado e a
maneira como Deus nos protege e aos outros dele. Tendemos a julgar os relacionamentos pelo
prisma das fraquezas e fracassos em vez do bem que Deus está operando.
8) As Escrituras oferecem uma
esperança clara para nossos relacionamentos.
Os
problemas de relacionamento te deixam desanimado? Você acha que não vai
conseguir ter relacionamentos maduros? Pense em uma coisa:
Quando
Jesus estava na cruz o relacionamento entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo
estava completamente arrasado. Jesus se dispôs a ser o filho rejeitado para que
nossas famílias pudessem experimentar reconciliação, o amigo desamparado para
que pudéssemos ter amizades cheias de amor, o Senhor rejeitado para que
vivêssemos em submissão uns para com os outros, o irmão desamparado para que
tivéssemos relacionamentos divinos, o rei crucificado para que nossas
comunidades pudessem ter paz.
Jesus
nos reconcilia com o Pai, para que os demais relacionamentos sejam restaurados.
A obra completa ocorrerá no céu, mas podemos desfrutar muito disso ainda na
terra. O NT oferece esperança de que os
nossos relacionamento possam ser caracterizados pela compaixão, humildade, perdão,
bondade, paciência, sinceridade construtiva, paz, perdão e amor. A graça de
Deus torna tudo isso possível para nós hoje.
Vale
a pena se relacionar com as pessoas?
Quando
olhamos para as dificuldades em se manter um relacionamento com as pessoas nos
perguntamos se eles valem a pena.
Mas
após nos recuperarmos de uma desilusão, nos vemos novamente arrastados para a
companhia de outras pessoas. Sabemos que somos menos seres humanos quando
estamos sozinhos. Vivemos uma tensão entre o isolamento protetivo e o sonho por
relacionamentos significativos.
O
ponto em que nos encontramos entre esses dois extremos variam de relacionamento
para relacionamento, mas, para a maioria de nós, nossos problemas se concentram
perto de um dos dois extremos.
Vamos
analisar alguns tipos de relacionamentos:
1)
Relacionamentos frustrados.
Aqui
uma pessoa procura isolamento e a outra imersão. Como seria a arrumação para as
férias nesse caso? Uma colocaria nas malas uma pilha de livros, e a outra faria
uma agenda lotada de eventos a dois.
Como as pessoas se sentem nesse relacionamento?
O
isolacionista se sente esmagado; o imersionista se sente rejeitado. Como as
expectativas de ambos são constantemente frustradas o relacionamento se torna
uma decepção. Os dois acham que estão certos e por isso acabam ficando irados.
2)
Relacionamentos emaranhados.
Aqui,
ambos buscam a imersão. São extremamente dependentes um do outro, por isso se
magoam facilmente quando as suas necessidades não são satisfeitas pelo outro. Acabam
isolando outras pessoas.
Se
fossem passar férias juntas, gastariam cada momento das férias juntas.
Aparentemente, expectativas semelhantes parecem trazer paz e harmonia, mas na
verdade produz muitos problemas, pois pelo fato de cada um esperar que o outro
satisfaça as suas altíssimas expectativas, ambos se tornam muito sensíveis, são
facilmente magoados e desenvolvem uma atitude crítica. Muita energia é gasta
para se lidar com ofensas menores.
Esse
tipo de relacionamento provoca desanimo, porque a pessoa nunca consegue
satisfazer as expectativas do outro, dá tanto trabalho que não existe paz.
3)
Relacionamento isolado.
Aqui
ambos se aproximam do isolamento, querem segurança, porque tem medo dos perigos
decorrentes do envolvimento. As conversas são impessoais, seguras e limitadas.
Ambos preferem revelar pouco de si.
Férias
ideais: incluiriam muito tempo para cada um, com um mínimo de interação. Cada
um leria um livro diferente. Esse tipo de relacionamento é complicado porque ao
mesmo tempo em que ambos querem um relacionamento não tem coragem de se
envolverem em um. Como são criados à imagem de Deus sentem falta de alguma
conexão, mas o desejo por segurança os separa, tornando o relacionamento vazio e
decepcionante.
Conclusões:
Isolacionista: os
relacionamentos difíceis demais; são desnecessários e não valem o esforço.
Imersionistas: acham
que os relacionamentos são tudo.
Para lidarmos bem com
os relacionamentos precisamos fazer uma pergunta inicial e responde-la de forma
bíblica: Qual o propósito de Deus para os relacionamentos? Como Ele quer que
sejam os meus relacionamentos?
Portanto, a primeira
preocupação que devemos ter é com nosso relacionamento vertical. Ou seja, a
relação com Deus é a base para os demais relacionamentos.
O entendimento do
relacionamento presente na Trindade é fundamental para uma compreensão de como
devem ser os nossos relacionamentos.
Jo 17.20-26
Apontamentos do texto:
1)
Deus é a única comunhão em todo o
universo que funciona adequadamente.
Em
sua conversa com o Pai, Jesus medita sobre o relacionamento que o Pai, o Filho
e o Espírito Santo tiveram por toda a eternidade. Ele deseja que seu povo
desfrute do mesmo relacionamento.
Gn
1.26 deixa claro que a Trindade participou da criação.
2)
A Trindade é o único modelo adequado
para a comunhão humana.
Quando
nossos relacionamentos não funcionam como devem devemos nos pautar por esse
relacionamento. O próprio Deus é um exemplo de comunhão amorosa, cooperativa e
unificada e onde a diversidade é algo positivo e não um obstáculo.
3)
As pessoas feitas à semelhança de Deus
foram feitas para a comunhão.
A
comunidade humana sempre foi o plano de Deus para todas as pessoas. Apesar de
sermos pessoas falhas em relacionamentos falhos, fomos criados como seres
sociais. A comunhão de um com o outro não é apenas uma obrigação, é uma aspecto
da nossa humanidade.
4)
Deus tem um propósito duplo para a
comunhão humana: crescimento pessoal e testemunho para o mundo.
A
oração de Cristo é que o seu povo possa crescer e refletir a sua glória como
testemunho para o mundo. O defeito
principal dos relacionamentos é que, em geral, eles são movidos pelo desejo
pessoal, e não pelos propósitos de Deus. Nossos relacionamentos precisam ser
moldados não por aquilo que queremos, mas por aquilo que Deus quer.
5)
O egocentrismo do pecado nos distancia
de Deus e de outras pessoas.
Jesus
não estaria orando por nós e se aproximando da cruz se nós fôssemos capazes de
construir esse tipo de comunidade por força própria.
O
pecado nos leva a voltar a nossa atenção para dentro de nós mesmos e para longe
da graça de Deus e dos outros.
6)
Comunhão humana verdadeira só resulta da
comunhão com Deus.
Jesus
nos convida a participar dessa comunhão divina com a Trindade, para que, então,
possamos experimentar comunhão uns com os outros. Quando nosso amor por Deus é
pouco, nosso amor pelo próximo também é. Não devemos buscar a comunhão uns com
os outros antes de buscarmos a comunhão com Deus. A comunhão com o próximo só
pode crescer, se a comunhão com Deus crescer.
7)
Deus vive em comunhão com o seu povo
para que possamos ter comunhão uns com
os outros.
Quando
Jesus faz a sua oração ele sabe que a culpa do pecado nos separa uns dos
outros. É por isso que eles esta indo para a cruz, sua morte e ressurreição não
reconciliaram apenas o pecador individualmente com Deus, mas também os
pecadores entre si.Quando
Jesus pede ao pai a criação de uma nova comunhão humana, ele antecipa o que
acontecerá com o seu próprio relacionamento com o Pai durante a sua morte pelos
pecados do seu povo. Quando Ele grita “Deus meu, Deus meu, porque me
desamparaste?”, ele expressa uma comunhão rompida entre membros da Trindade. O
relacionamento perfeito e de eterno amor entre Pai, Filho e Espírito Santo foi
desfeito para que nós pudéssemos ser restaurados em Deus e reconciliados uns
com os outros.
Conclusão
Quando
nascemos dependemos de nossa mãe para sobreviver. Nos tornamos mais
independente na adolescência, mas continuamos procurando relacionamentos,
queremos ser aceitos pelos nossos
colegas e começamos a sentir o desejo por relacionamentos mais profundos, mais
duradouros e mais delicados. Nos tornamos adultos e vivemos em um emaranhado de
relacionamentos, família, trabalho, igreja, vizinhança. Quando envelhecemos
olhamos para e nos lembramos com saudades da rede de relacionamentos que
tivemos. Nossa memórias mais queridas e nossas mágoas mais profundas envolvem
relacionamentos, e os momentos mais tristes tem a ver com entes queridos que
morreram.Isso
nos mostra que fomos criados à imagem de um Deus que desde sempre se relaciona.
Portanto, relacionamentos não são opcionais, eles tem a ver com a nossa
identidade, com a nossa humanidade. Quando evitamos alguém, estamos negando a
nossa humanidade. Quando insultamos alguém estamos destruindo aquilo que Deus
nos chamou para ser, uma comunhão moldada à imagem Dele. Mas
quando nos aproximamos das pessoa, e as amamos, estamos confirmando a nossa
humanidade, honrando o Criador. Preste atenção: se você está enfrentando
problemas em seus relacionamentos a solução começa em Deus, devemos buscara
agradar não a nós mesmos, mas Deus, em nossos relacionamentos.
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