Gn
6.5-6
Tg 4.1-10
Introdução
A tentação de olharmos
para os problemas em nossos relacionamentos e localizarmos os problemas fora de
nós mesmos é grande. Tiago nos lembra que o nosso verdadeiro problema está
dentro de nós. E isso se dá porque nós nos colocamos em primeiro lugar, e Deus
em segundo. A Bíblia chama isso de pecado porque rejeitamos a soberania que,
por direito, cabe a Deus e decidimos ser o nosso próprio Senhor. Nossos desejos
egoístas passam a tomar conta dos nossos relacionamentos, resultando assim em
problemas, conflitos e decepções que sofremos com os outros.
Rm 7.21-25 afirma que o
nosso maior problema é interno. Entendendo o texto:
1 – O termo lei explica
nos traz um princípio que opera em nossas vidas do qual não podemos escapar,
como a lei da gravidade, por exemplo. Não temos escolha, quer queiramos ou não,
estamos sujeito a sua influencia.
2 – Guerra = expressa a
batalha constante travada em nós.
3 – Prisioneiro =
descreve o poder escravizador do pecado, não há liberdade.
4 – Livrar = traz a
esperança da libertação que vem de fora de nós.
I
– MANEIRAS PELAS QUAIS O PECADO NOS AFETA.
a) Egocentrismo.
Quando rejeitamos Deus
criamos um vácuo que não pode permanecer vazio. O pecado nos leva a preenche-lo
conosco mesmos. Logo pensamos: o que é melhor para mim?
b) Autorregência.
Quando a regência de
Deus em nossas vidas é substituída pela nossa própria regência, as pessoas se
tornam súditos. Exigimos que elas se submetam às nossas ordens e ao nosso
controle. Queremos dominar o outro por meio de críticas e exigências, ou por
meio do isolamento e do silêncio. Mas isso sempre acaba em desastre!
c) Autosuficiência.
Quando rejeitamos a
Deus acreditamos que não dependemos de ninguém. Se não dependemos de Deus é
improvável que dependamos de outros com humildade. O melhor fundamento para um
relacionamento é a dependência mútua e sagrada.
d)
Autojustificação.
Quando a santidade de
Deus deixa de ser padrão para tudo aquilo que é bom, verdadeiro e certo, então
a pessoa passa a ser o seu próprio padrão para tudo. A pessoa acaba se achando
muito justa e injustiçada. Essa postura nos leva a uma visão inflada de nós
mesmos e uma postura crítica dos outros. Relacionamentos santos se desenvolvem
melhor entre duas pessoas humildes que reconhecem as próprias falhas e pecados
e a sua mútua necessidade da graça de Deus. A pessoa que se acha justificada e
que nega a sua própria necessidade não será um mediador da graça para outros.
e)
Autosatisfação.
Quando achamos que a
nossa satisfação pode ser encontrada fora de Deus, trocamos a comunhão com Deus pela comunhão
com outras pessoas.
f)
Autoensino.
Achamos que somos a
nosso própria fonte de verdade e sabedoria, e deixamos de ter um espírito de
aprendiz humilde. Nos tornamos mentores de nossos relacionamentos e passamos a
impressão de que não temos nada a aprender dos outros.
Quando o amor por Deus
é substituído pelo amor por nós mesmos, vemos nos outros obstáculos que nos
impedem de atingir nossos alvos ou meio para promove-los. Viramos os dois
grandes mandamentos de cabeça para baixo: em vez de amarmos a Deus e usarmos os
nossos dons para servir uns aos outros, nós passamos a amaro os dons e usar as
pessoas para consegui-los.
Ex:
Pais que amam uma boa
reputação, veem seus filhos como um meio de consegui-la.
Casais que desejam
intimidade e manipulam seus parceiros para consegui-la.
Pessoas que querem ter
sucesso veem os outros como uma barreira ou um meio de consegui-lo.
Pessoas que procuram
conforto, ficam decepcionadas com relacionamentos difíceis e animadas com
relacionamentos fáceis.
Pessoas que desejam
bens materiais evitam relacionamentos que as atrapalhem em sua busca.
Sempre que aquilo que
você quer se torna mais importante do que Deus, seus relacionamentos sofrem.
Mesmo quando os próprios relacionamentos se tornam mais importantes, os
relacionamentos sofrem.
Pecado e consequências.
|
Busca/querer
|
Preço
aceitável
|
Pesadelo/medo.
|
Efeito
em outros
|
Emoção/Ação
reveladora.
|
Egocentrismo
|
Atenção, aprovação.
|
Disposto a sacrificar controle e
independência.
|
Rejeição, falta de aceitação ou
reafirmação.
|
Sentimento de serem usados,
diminuídos, esmagados
|
Ansiedade/carência.
|
Autorregência.
|
Querer
estar sempre certo e em controle.
|
Disposto
a sacrificar intimidade e união.
|
Ser
visto como errado, ser dependente.
|
Sentimentos
de serem coagidos, manipulados.
|
Ira
|
Autosuficiência.
|
Independência, tempo a sós.
|
Disposto a sacrificar intimidade,
comunhão.
|
Dependência e carência de outros.
|
Sentimento de serem ignorados, não
apreciados.
|
Frieza, distância.
|
Autojustificação.
|
Querer
estar certo aos olhos dos outros.
|
Disposto
a sacrificar relacionamentos que desafiam ou confrontam.
|
Estar
errado, ser culpado ou condenado.
|
Sentimento
de serem desafiados, condenados ou descartados.
|
Agressivo,
argumentativo.
|
Autosatisfação.
|
Prazer (autodefinido).
|
Disposto a sacrificar a comunhão, caso
não seja conveniente.
|
De outros interferirem em seu prazer
pessoal.
|
Sentimento de serem tratados como
objetos, e não como companheiros.
|
Controlador, exigente, insatisfeito.
|
Autoensino
|
Um
fórum para expor a sua própria opinião.
|
Disposto
a sacrificar o crescimento mútuo, caso você discorde.
|
Ter
seus pensamentos, palavras e atos ditados por outros.
|
Sentimento
de serem tratados com condescendência e desrespeito.
|
Imposição
de opinião, dominante.
|
E
nos perguntamos: e quanto as coisas ruins que outras pessoas causam em minha
vida?
Além de ser uma
pergunta justa, é sábia. A Bíblia é realista, nós também sofremos a consequência
do pecado de outras pessoas. Mas a vítima é responsável por sua reação ao
pecado.
O Novo Testamento está
cheio de exortações para que sejamos pacientes, clementes e compassivos,
repudiemos a vingança e a raiva, perdoemos aos outros e amemos os nossos
inimigos.
A única forma de
vencermos o mal é reagindo a ele sem pecado.
Rm 12:14-21 (devemos
pagar o mal com o bem).
1 – Devemos vencer o
mal com a fala correta. (vs. 14-16)
2 – Devemos ter o plano
correto. (Vs. 17).
3 – Devemos ter a
perspectiva correta. (vs. 18-19)
Determine a sua
responsabilidade.
Você não é responsável pela reação da outra pessoa.
Tenha o alvo correto (vs. 21)
Qual é o seu alvo? Não é dar o troco, o seu alvo deve ser o alvo de Deus.
Qual é o alvo de Deus?
Transformar o mal em bem.
Qual o alvo de Deus em nossas vidas ao usar o mal?
Mesmo quando somos
vítimas do pecado dos outros o nosso maior problema diante de Deus continua
sendo a nossa inclinação do nosso coração para o pecado. O apelo para sermos
pacientes, humildes, clementes e gentis não é uma pelo a sermos passivos. Deus
quer que você reaja, mas do jeito que Ele ordena.
Métodos não bíblicos:
ficar rancoroso, amargurado, orar por vingança e fofocar.
Deus nos deu recursos
suficientes para reagirmos sem pecado: o a Palavra – repleta de sábios
conselhos, o Espírito – que nos condena quando erramos, que nos dá força para
buscarmos o perdão, que nos capacita a buscar compaixão, a Igreja – que nos corrige
e anima continuamente, os sacramentos – batismo e santa ceia, que demonstram a
nossa dependência da graça e nossa dependência um do outro. Batismo: sinal que
proclama o meu relacionamento com Deus e minha inclusão no povo de Deus. Santa
Ceia: nos une ao redor da mesma mesa, neste momento demonstramos que somos uma
família e compartilhamos a refeição. Mas eles são meios de graça (no capacita a
perseverarmos no meio dos problemas).
Porque
devemos nos relacionar? O que nos motiva e o que deve nos motivar?
Mas o que as Escrituras
nos dizem a esse respeito?
1
– O poder do interesse próprio continua a persistir no fiel.
Apesar de o poder do
pecado ter sido quebrado, o pecado remanescente não está disposto a se entregar
sem luta. Enquanto estivermos na terra o interesse próprio terá poder em nossas
vidas.
2
– Deus tem um objetivo para os nossos relacionamentos que é maior do que o
nosso.
O objetivo de Deus com
os relacionamentos é nos transformar à imagem de seu filho, o nosso é ser
feliz.
Por que ficamos com raiva?
Por que somos impacientes? Por que não conseguimos ser gentis e bondosos? Por
que guardamos rancor e tentamos nos vingar? Por que nos recusamos a cooperar?
Por que dizemos coisas que nunca deveriam sair da nossa boca? Por que mentimos
para alguém ou tentamos manipulá-lo? Por que somos competitivos e invejosos?
Por que achamos difícil nos alegrarmos
com as bênçãos das outras pessoas?
Porque
queremos que a nosso vontade seja feita, queremos que ela seja feita do nosso
jeito e na hora que nós julgamos se a melhor.
Ef 4.1-32
O texto nos afirma o
que Deus espera de nossos relacionamentos.
1 – Preserve a união
com o Espírito.
Paulo diz que devemos
preservar e não criar relacionamentos. Se somos cristãos, então automaticamente
estamos em um relacionamento com outros cristãos. Pelo fato de o Espírito Santo
habitar em nós, já há uma ligação forte com Ele que nos foi dada pela graça. No
entanto, esse relacionamento precisa ser conservado com muito cuidado. Se eu
criar quaisquer obstáculos para os meus relacionamentos com outros fiéis, eu
estarei desprezando esse relacionamento. Seu eu fofocar ou provocar um conflito
injusto, eu estarei prejudicando a dádiva de Deus. Mas se eu estiver disposto a
buscar, perdoar e servir, eu estarei demonstrando cuidado por essas dádivas.
2 – Faça todo esforço
possível.
Os relacionamentos
exigem trabalho árduo, não são fáceis, mesmo dentre pessoas que tem o espírito.
Assim que os relacionamentos começam a exigir algum esforço eles se tornam
enfadonhos e desinteressantes. A maioria de nós desiste ao julgar que o retorno
não vale a pena. . Por que? Porque fazemos o balanço baseado em nossos desejos
pessoais e não no chamado de Deus.
3 – Seja humilde,
paciente, tolerante e gentil no amor.
Paulo ressaltas
qualidades que muitas vezes são o oposto daquilo que vivemos em nossos
relacionamentos.
Humildade = nos
capacita a ver os nossos próprios pecados antes que voltemos a nossa atenção
para os pecados e fraquezas dos outros. Pense bem: será que você exige padrões
mais altos dos outros do que de sei mesmo?
Gentileza = não é
sinônimo de fraqueza, mas é uma pessoa que usa a sua força para capacitar os
outros, se causar danos. Pense bem: as pessoas com frequência se sentem
magoadas no relacionamento com você?
Paciente = dá mais ou
igual importância às necessidades dos outros que às suas próprias. Ela não
persegue objetivos egocêntricos.
Tolerante = é aquele
que se preocupa com o outro até mesmo quando perseguido.
Pense bem: você ama as
pessoas dentro dos limites que foram demarcados pelas suas próprias
necessidades ou interesses? As outras pessoas acham que precisam estar sempre
devolvendo algum favor a você para mantê-lo satisfeito com elas?
Essas qualidades criam
um clima de graça para os relacionamentos.
Normalmente, os
relacionamentos são regidos por uma estrutura de lei, violação e punição. Eu
estabeleço regras que você precisa seguir. Eu fico de olho para garantir que
você cumpra essas regras. Se você não cumpre eu me vejo no direito de
estabelecer algum tipo de punição.
Isso
está em contradição flagrante ao evangelho e impede que a glória e o valor da
graça de Deus se revelem em seus relacionamentos.
4 - Há um espírito, um Senhor e um Pai.
Paulo baseia a nossa
união na união da trindade e não na nossa capacidade de convivermos. Nós
conseguimos conviver uns com os outros porque o Pai, o Filho e o Espírito Santo
nos deram a sua permissão. Damos graça porque recebemos graça.
O mesmo Deus que exige
esse tipo de união de nós, providencia tudo o que necessitamos para cumpri-la.
5 – A graça foi
concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo.
De uma olhada em todas
as diferenças que existem entre nós. Temos dons diferentes, exercemos funções
diferentes no corpo de Cristo e nos encontramos em variados níveis de
maturidade espiritual. Deus nos coloca no meio de pessoas diferentes de nós
porque ele sabe que isso servirá ao seu propósito.
6 – Para edificação do
corpo de Cristo.
Vs. 12-16
O propósito de Deus nos
relacionamentos é nos dar aquilo que realmente precisamos e não o que queremos.
No final de tudo, Deus quer que amadureçamos, que sejamos edificados e que
paremos de agir como crianças. Ele quer que aquilo que reinava no coração de
Cristo também reine em nossos corações.
Muitas vezes
acreditamos que as coisas estão indo bem apenas quando conseguimos conviver uns
com os outros. Mas o que Deus está dizendo é que mesmo quando estamos tendo
dificuldade com outras pessoas, Ele esta alcançando os seus propósitos.
Entramos em um
relacionamento por motivos de prazer pessoal, realização própria e diversão.
Queremos um custo pessoal baixo e um alto retorno nos termos que nós definimos.
E apesar de discordarmos com Deus com frequência, seu plano é melhor. Por trás
de nossos conflitos com as outras pessoas se esconde um conflito mais profundo:
o nosso com Deus.
7 – A nossa luta e os
objetivos de Deus.
Vs 17-32
Finalmente, Paulo
descreve as características de um relacionamento guiado pelos objetivo de Deus.
Ele identifica sete tendências do coração pecaminoso, que danificam
completamente os relacionamentos e que precisam ser combatidos com frequência.
Vejamos:
Inclinação ao
comodismo.
|
O
seu comportamento no relacionamento é movido pelos seus desejos e não pelo
propósito de Deus.
|
Vs.
19-24
|
Inclinação à
falsidade.
|
Eu
estou disposto a manipular a verdade a fim de receber do relacionamento
aquilo que eu quero.
|
Vs.
25
|
Inclinação à
ira.
|
Eu
quero controlar o relacionamento, dando vazão à ira ou ameaçando a pessoa com
a ira a fim de controla-la.
|
Vs.
26-27
|
Inclinação ao
egoísmo.
|
Eu
quero proteger aquilo que é meu em vez de oferecê-lo a você.
|
Vs.
28
|
Inclinação à
comunicação destrutiva.
|
Em
vez de usar a minha fala para fazê-lo ser melhor, eu abro a boca para eu me
sentir melhor e para manter a minha posição no topo.
|
Vs.
29-30
|
Inclinação à
separação
|
Eu
cedo à tentação de ver você como adversário, e não como companheiro, nas
dificuldades do relacionamento.
|
Vs.
31
|
Inclinação ao
espírito rancoroso.
|
Eu
quero que os outros paguem pelos erros que cometeram contra mim.
|
Vs.
32
|
Paulo se dirige a
cristão, portanto, todos nós somos tentados por essas reações, mas o texto
também nos promete graça. A proposta é que vivenciemos o seguinte:
1 – Entendermos que o
plano de Deus é mais sábio que o plano que nós temos para as nossas vidas. (Vs.
19-24)
2 – A honestidade tem
um poder transformador. (vs 25)
3 – A gentileza,
paciência e amor tem benefícios remediadores. (Vs 26-27)
4 – Servir o próximo
traz alegria. (Vs. 28)
5 – A comunicação
amável e construtiva é de grande valor. (vs 29-30)
6 – Há beleza na união
funcional de um relacionamento (vs. 31).
7 – Somos livres para
praticar o perdão (vs. 32).
Conforme o texto as
dificuldades de relacionamento são instrumentos nas mãos de Deus, cada luta é
uma oportunidade para experimentar a graça de Deus.
Reflexões para casa:
1 – O que você quer dos
seus relacionamentos?
2 – O que você quer que
Deus realize nesses relacionamentos?
3 – Você se contentará
com conforto, aprovação, facilidade e felicidade, ou está disposto a aceitar o
desafio de Efésios 4.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Thimothy Lane e Paul Tripp. RELACIONAMENTOS - uma confusão que vale a pena. Ed. Cultura Cristã.
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