segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

LIÇÃO 2 – O PECADO E PROPÓSITOS NOS RELACIONAMENTOS.




Gn 6.5-6
Tg 4.1-10
Introdução
A tentação de olharmos para os problemas em nossos relacionamentos e localizarmos os problemas fora de nós mesmos é grande. Tiago nos lembra que o nosso verdadeiro problema está dentro de nós. E isso se dá porque nós nos colocamos em primeiro lugar, e Deus em segundo. A Bíblia chama isso de pecado porque rejeitamos a soberania que, por direito, cabe a Deus e decidimos ser o nosso próprio Senhor. Nossos desejos egoístas passam a tomar conta dos nossos relacionamentos, resultando assim em problemas, conflitos e decepções que sofremos com os outros.
Rm 7.21-25 afirma que o nosso maior problema é interno. Entendendo o texto:
1 – O termo lei explica nos traz um princípio que opera em nossas vidas do qual não podemos escapar, como a lei da gravidade, por exemplo. Não temos escolha, quer queiramos ou não, estamos sujeito a sua influencia.
2 – Guerra = expressa a batalha constante travada em nós.
3 – Prisioneiro = descreve o poder escravizador do pecado, não há liberdade.
4 – Livrar = traz a esperança da libertação que vem de fora de nós.

I – MANEIRAS PELAS QUAIS O PECADO NOS AFETA.
a) Egocentrismo.
Quando rejeitamos Deus criamos um vácuo que não pode permanecer vazio. O pecado nos leva a preenche-lo conosco mesmos. Logo pensamos: o que é melhor para mim?
b) Autorregência.
Quando a regência de Deus em nossas vidas é substituída pela nossa própria regência, as pessoas se tornam súditos. Exigimos que elas se submetam às nossas ordens e ao nosso controle. Queremos dominar o outro por meio de críticas e exigências, ou por meio do isolamento e do silêncio. Mas isso sempre acaba em desastre!
c) Autosuficiência.
Quando rejeitamos a Deus acreditamos que não dependemos de ninguém. Se não dependemos de Deus é improvável que dependamos de outros com humildade. O melhor fundamento para um relacionamento é a dependência mútua e sagrada.
d) Autojustificação.
Quando a santidade de Deus deixa de ser padrão para tudo aquilo que é bom, verdadeiro e certo, então a pessoa passa a ser o seu próprio padrão para tudo. A pessoa acaba se achando muito justa e injustiçada. Essa postura nos leva a uma visão inflada de nós mesmos e uma postura crítica dos outros. Relacionamentos santos se desenvolvem melhor entre duas pessoas humildes que reconhecem as próprias falhas e pecados e a sua mútua necessidade da graça de Deus. A pessoa que se acha justificada e que nega a sua própria necessidade não será um mediador da graça para outros.
e) Autosatisfação.
Quando achamos que a nossa satisfação pode ser encontrada fora de Deus,  trocamos a comunhão com Deus pela comunhão com outras pessoas.
f) Autoensino.
Achamos que somos a nosso própria fonte de verdade e sabedoria, e deixamos de ter um espírito de aprendiz humilde. Nos tornamos mentores de nossos relacionamentos e passamos a impressão de que não temos nada a aprender dos outros.
Quando o amor por Deus é substituído pelo amor por nós mesmos, vemos nos outros obstáculos que nos impedem de atingir nossos alvos ou meio para promove-los. Viramos os dois grandes mandamentos de cabeça para baixo: em vez de amarmos a Deus e usarmos os nossos dons para servir uns aos outros, nós passamos a amaro os dons e usar as pessoas para consegui-los.
Ex:
Pais que amam uma boa reputação, veem seus filhos como um meio de consegui-la.
Casais que desejam intimidade e manipulam seus parceiros para consegui-la.
Pessoas que querem ter sucesso veem os outros como uma barreira ou um meio de consegui-lo.
Pessoas que procuram conforto, ficam decepcionadas com relacionamentos difíceis e animadas com relacionamentos fáceis.
Pessoas que desejam bens materiais evitam relacionamentos que as atrapalhem em sua busca.
Sempre que aquilo que você quer se torna mais importante do que Deus, seus relacionamentos sofrem. Mesmo quando os próprios relacionamentos se tornam mais importantes, os relacionamentos sofrem.


Pecado e consequências.

Busca/querer
Preço aceitável
Pesadelo/medo.
Efeito em outros
Emoção/Ação reveladora.
Egocentrismo
Atenção, aprovação.
Disposto a sacrificar controle e independência.
Rejeição, falta de aceitação ou reafirmação.
Sentimento de serem usados, diminuídos, esmagados
Ansiedade/carência.
Autorregência.
Querer estar sempre certo e em controle.
Disposto a sacrificar intimidade e união.
Ser visto como errado, ser dependente.
Sentimentos de serem coagidos, manipulados.
Ira
Autosuficiência.
Independência, tempo a sós.
Disposto a sacrificar intimidade, comunhão.
Dependência e carência de outros.
Sentimento de serem ignorados, não apreciados.
Frieza, distância.
Autojustificação.
Querer estar certo aos olhos dos outros.
Disposto a sacrificar relacionamentos que desafiam ou confrontam.
Estar errado, ser culpado ou condenado.
Sentimento de serem desafiados, condenados ou descartados.
Agressivo, argumentativo.
Autosatisfação.
Prazer (autodefinido).
Disposto a sacrificar a comunhão, caso não seja conveniente.
De outros interferirem em seu prazer pessoal.
Sentimento de serem tratados como objetos, e não como companheiros.
Controlador, exigente, insatisfeito.
Autoensino
Um fórum para expor a sua própria opinião.
Disposto a sacrificar o crescimento mútuo, caso você discorde.
Ter seus pensamentos, palavras e atos ditados por outros.
Sentimento de serem tratados com condescendência e desrespeito.
Imposição de opinião, dominante.

E nos perguntamos: e quanto as coisas ruins que outras pessoas causam em minha vida?
Além de ser uma pergunta justa, é sábia. A Bíblia é realista, nós também sofremos a consequência do pecado de outras pessoas. Mas a vítima é responsável por sua reação ao pecado.
O Novo Testamento está cheio de exortações para que sejamos pacientes, clementes e compassivos, repudiemos a vingança e a raiva, perdoemos aos outros e amemos os nossos inimigos.
A única forma de vencermos o mal é reagindo a ele sem pecado.
Rm 12:14-21 (devemos pagar o mal com o bem).
1 – Devemos vencer o mal com a fala correta. (vs. 14-16)
2 – Devemos ter o plano correto. (Vs. 17).
3 – Devemos ter a perspectiva correta. (vs. 18-19)
Determine a sua responsabilidade.
Você não é responsável pela reação da outra pessoa.
Tenha o alvo correto (vs. 21)
Qual é o seu alvo? Não é dar o troco, o seu alvo deve ser o alvo de Deus. Qual é o alvo de Deus?
Transformar o mal em bem.
Qual o alvo de Deus em nossas vidas ao usar o mal?
Mesmo quando somos vítimas do pecado dos outros o nosso maior problema diante de Deus continua sendo a nossa inclinação do nosso coração para o pecado. O apelo para sermos pacientes, humildes, clementes e gentis não é uma pelo a sermos passivos. Deus quer que você reaja, mas do jeito que Ele ordena.
Métodos não bíblicos: ficar rancoroso, amargurado, orar por vingança e fofocar.
Deus nos deu recursos suficientes para reagirmos sem pecado: o a Palavra – repleta de sábios conselhos, o Espírito – que nos condena quando erramos, que nos dá força para buscarmos o perdão, que nos capacita a buscar compaixão, a Igreja – que nos corrige e anima continuamente, os sacramentos – batismo e santa ceia, que demonstram a nossa dependência da graça e nossa dependência um do outro. Batismo: sinal que proclama o meu relacionamento com Deus e minha inclusão no povo de Deus. Santa Ceia: nos une ao redor da mesma mesa, neste momento demonstramos que somos uma família e compartilhamos a refeição. Mas eles são meios de graça (no capacita a perseverarmos no meio dos problemas).

Porque devemos nos relacionar? O que nos motiva e o que deve nos motivar?
Mas o que as Escrituras nos dizem a esse respeito?
1 – O poder do interesse próprio continua a persistir no fiel.
Apesar de o poder do pecado ter sido quebrado, o pecado remanescente não está disposto a se entregar sem luta. Enquanto estivermos na terra o interesse próprio terá poder em nossas vidas.
2 – Deus tem um objetivo para os nossos relacionamentos que é maior do que o nosso.
O objetivo de Deus com os relacionamentos é nos transformar à imagem de seu filho, o nosso é ser feliz.
Por que ficamos com raiva? Por que somos impacientes? Por que não conseguimos ser gentis e bondosos? Por que guardamos rancor e tentamos nos vingar? Por que nos recusamos a cooperar? Por que dizemos coisas que nunca deveriam sair da nossa boca? Por que mentimos para alguém ou tentamos manipulá-lo? Por que somos competitivos e invejosos? Por que  achamos difícil nos alegrarmos com as bênçãos das outras pessoas?
Porque queremos que a nosso vontade seja feita, queremos que ela seja feita do nosso jeito e na hora que nós julgamos se a melhor.
Ef 4.1-32
O texto nos afirma o que Deus espera de nossos relacionamentos.
1 – Preserve a união com o Espírito.
Paulo diz que devemos preservar e não criar relacionamentos. Se somos cristãos, então automaticamente estamos em um relacionamento com outros cristãos. Pelo fato de o Espírito Santo habitar em nós, já há uma ligação forte com Ele que nos foi dada pela graça. No entanto, esse relacionamento precisa ser conservado com muito cuidado. Se eu criar quaisquer obstáculos para os meus relacionamentos com outros fiéis, eu estarei desprezando esse relacionamento. Seu eu fofocar ou provocar um conflito injusto, eu estarei prejudicando a dádiva de Deus. Mas se eu estiver disposto a buscar, perdoar e servir, eu estarei demonstrando cuidado por essas dádivas.
2 – Faça todo esforço possível.
Os relacionamentos exigem trabalho árduo, não são fáceis, mesmo dentre pessoas que tem o espírito. Assim que os relacionamentos começam a exigir algum esforço eles se tornam enfadonhos e desinteressantes. A maioria de nós desiste ao julgar que o retorno não vale a pena. . Por que? Porque fazemos o balanço baseado em nossos desejos pessoais e não no chamado de Deus.
3 – Seja humilde, paciente, tolerante e gentil no amor.
Paulo ressaltas qualidades que muitas vezes são o oposto daquilo que vivemos em nossos relacionamentos.
Humildade = nos capacita a ver os nossos próprios pecados antes que voltemos a nossa atenção para os pecados e fraquezas dos outros. Pense bem: será que você exige padrões mais altos dos outros do que de sei mesmo?
Gentileza = não é sinônimo de fraqueza, mas é uma pessoa que usa a sua força para capacitar os outros, se causar danos. Pense bem: as pessoas com frequência se sentem magoadas no relacionamento com você?
Paciente = dá mais ou igual importância às necessidades dos outros que às suas próprias. Ela não persegue objetivos egocêntricos.
Tolerante = é aquele que se preocupa com o outro até mesmo quando perseguido.
Pense bem: você ama as pessoas dentro dos limites que foram demarcados pelas suas próprias necessidades ou interesses? As outras pessoas acham que precisam estar sempre devolvendo algum favor a você para mantê-lo satisfeito com elas?
Essas qualidades criam um clima de graça para os relacionamentos.
Normalmente, os relacionamentos são regidos por uma estrutura de lei, violação e punição. Eu estabeleço regras que você precisa seguir. Eu fico de olho para garantir que você cumpra essas regras. Se você não cumpre eu me vejo no direito de estabelecer algum tipo de punição.
Isso está em contradição flagrante ao evangelho e impede que a glória e o valor da graça de Deus se revelem em seus relacionamentos.
4  - Há um espírito, um Senhor e um Pai.
Paulo baseia a nossa união na união da trindade e não na nossa capacidade de convivermos. Nós conseguimos conviver uns com os outros porque o Pai, o Filho e o Espírito Santo nos deram a sua permissão. Damos graça porque recebemos graça.
O mesmo Deus que exige esse tipo de união de nós, providencia tudo o que necessitamos para cumpri-la.
5 – A graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo.
De uma olhada em todas as diferenças que existem entre nós. Temos dons diferentes, exercemos funções diferentes no corpo de Cristo e nos encontramos em variados níveis de maturidade espiritual. Deus nos coloca no meio de pessoas diferentes de nós porque ele sabe que isso servirá ao seu propósito.
6 – Para edificação do corpo de Cristo.
Vs. 12-16
O propósito de Deus nos relacionamentos é nos dar aquilo que realmente precisamos e não o que queremos. No final de tudo, Deus quer que amadureçamos, que sejamos edificados e que paremos de agir como crianças. Ele quer que aquilo que reinava no coração de Cristo também reine em nossos corações.
Muitas vezes acreditamos que as coisas estão indo bem apenas quando conseguimos conviver uns com os outros. Mas o que Deus está dizendo é que mesmo quando estamos tendo dificuldade com outras pessoas, Ele esta alcançando os seus propósitos.
Entramos em um relacionamento por motivos de prazer pessoal, realização própria e diversão. Queremos um custo pessoal baixo e um alto retorno nos termos que nós definimos. E apesar de discordarmos com Deus com frequência, seu plano é melhor. Por trás de nossos conflitos com as outras pessoas se esconde um conflito mais profundo: o nosso com Deus.
7 – A nossa luta e os objetivos de Deus.
Vs 17-32
Finalmente, Paulo descreve as características de um relacionamento guiado pelos objetivo de Deus. Ele identifica sete tendências do coração pecaminoso, que danificam completamente os relacionamentos e que precisam ser combatidos com frequência.
Vejamos:
Inclinação ao comodismo.
O seu comportamento no relacionamento é movido pelos seus desejos e não pelo propósito de Deus.
Vs. 19-24
Inclinação à falsidade.
Eu estou disposto a manipular a verdade a fim de receber do relacionamento aquilo que eu quero.
Vs. 25
Inclinação à ira.
Eu quero controlar o relacionamento, dando vazão à ira ou ameaçando a pessoa com a ira a fim de controla-la.
Vs. 26-27
Inclinação ao egoísmo.
Eu quero proteger aquilo que é meu em vez de oferecê-lo a você.
Vs. 28
Inclinação à comunicação destrutiva.
Em vez de usar a minha fala para fazê-lo ser melhor, eu abro a boca para eu me sentir melhor e para manter a minha posição no topo.
Vs. 29-30
Inclinação à separação
Eu cedo à tentação de ver você como adversário, e não como companheiro, nas dificuldades do relacionamento.
Vs. 31
Inclinação ao espírito rancoroso.
Eu quero que os outros paguem pelos erros que cometeram contra mim.
Vs. 32

Paulo se dirige a cristão, portanto, todos nós somos tentados por essas reações, mas o texto também nos promete graça. A proposta é que vivenciemos o seguinte:
1 – Entendermos que o plano de Deus é mais sábio que o plano que nós temos para as nossas vidas. (Vs. 19-24)
2 – A honestidade tem um poder transformador. (vs 25)
3 – A gentileza, paciência e amor tem benefícios remediadores. (Vs 26-27)
4 – Servir o próximo traz alegria. (Vs. 28)
5 – A comunicação amável e construtiva é de grande valor. (vs 29-30)
6 – Há beleza na união funcional de um relacionamento (vs. 31).
7 – Somos livres para praticar o perdão (vs. 32).
Conforme o texto as dificuldades de relacionamento são instrumentos nas mãos de Deus, cada luta é uma oportunidade para experimentar a graça de Deus.
Reflexões para casa:
1 – O que você quer dos seus relacionamentos?
2 – O que você quer que Deus realize nesses relacionamentos?
3 – Você se contentará com conforto, aprovação, facilidade e felicidade, ou está disposto a aceitar o desafio de Efésios 4.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Thimothy Lane e Paul Tripp. RELACIONAMENTOS - uma confusão que vale a pena. Ed. Cultura Cristã.

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