EXISTENCIALISMO
- Palavra central:
- Liberdade
è Conferir observação de John Stott, segundo o qual esta
deveria ser nossa palavra de ordem na evangelização.
- E
também significação.
- Talvez
não seja exagerado dizer que o existencialismo é uma filosofia que se
rebela contra a indiferença com o homem no mundo moderno.
- Defesa
da fé – o cristianismo não é anti-intelectualismo. Tampouco é uma religião
alienada e desinteressa da reflexão e da cultura – embora algumas
expressões do cristianismo o tenham sido.
- Mas
se ganharmos debates, sem ganharmos os corações, de nada adiantará. É
necessário demonstrar que há amor, liberdade e vida abundante em nosso
cotidiano.
- Intolerância
e arrogância com feições algo diabólicas.
- Queremos
alcançar os corações e mentes. O Evangelho exige isso de nós.
- Sistemas
políticas
- Ortodoxia
morta
- Consumismo
è Não é difícil aqui conceder razão aos existencialistas.
Além do niilismo: existencialismo
- Epígrafe:
- “Tudo
o que existe nasce sem razão, prolonga sua existência, apesar da
fragilidade, e morre por acaso. Reclinei-me e fechei meus olhos. As imagens,
pressentidas, imediatamente saltaram e encheram meus olhos fechados com
existências: existência é a plenitude que o homem jamais pode abandonar...
Eu sabia que isso era o Mundo, o Mundo nu subitamente, revelando-se a si
mesmo, e eu, calçado com raiva diante desse ser rude e absurdo.” (Sartre, Náusea)
- É
uma resposta a ele. Busca transcendê-lo.
- Existencialismo
ateu – parasita do naturalismo
- Existencialismo
teísta – parasita do teísmo
- O
“super-homem”, além-do-homem (Übermensch)
- Elogio
da solidão e da aventura
- Há
muitos tópicos instigantes em sua filosofia
- Embora
a questão da liberdade nele seja muito complexa
- Assim
não se trata de um existencialista strictu
sensu, mas de alguém que delineia temas que serão acolhidos pelos
existencialistas
- Após
isso, nazismo – que se robustece na década de 30 –, quebra da bolsa etc.
- Gera
intensa frustração e desencanto cultural
- Pinturas:
- “O
grito”, de Munch
- “A
chave dos campos”, de Magritte.
- Aceita quase todas
as proposições do naturalismo:
- “A
matéria existe para sempre
- Deus
não existe
- O
cosmo existe como uma uniformidade de causa e efeito, em um sistema
fechado
- A
história é uma corrente linear de eventos conectados por causa e efeito,
mas sem um propósito abrangente
- A
ética é relacionada apenas a seres humanos” (p. 144)
- Natureza
humana
- Modo
como nos relacionamos com o cosmos (p. 144)
è “como podemos ser significantes num mundo
insignificante” (p. 144)
- O universo é composto
apenas de matéria, porém para o ser humano a realidade se apresenta em
duas formas – subjetiva e objetiva.
- O
mundo preexiste aos homens
- “O
mundo simplesmente existe” (p. 144)
- Surgimento
dos seres humanos:
a. Distinguem ele e
ela de isto
b. “determinados a determinar o seu próprio destino, a
questionar, a ponderar a maravilhar-se, a buscar sentido, a dotar o mundo
exterior com um valor especial, a criar deuses.” (p. 144)
- O
mundo objetivo:
a. Coisas materiais
b. Lei inexorável de causa e efeito
c. Ciência e lógica são aqui úteis
- Mundo
subjetivo:
a. Mente, consciência
b. Liberdade
c. Ciência e lógica “não penetram esse domínio” (p. 145)
- O
naturalismo defendia a unidade dos dois mundos.
- O
existencialismo opera a disjunção dos dois mundos.
- Podemos
ter significado no mundo.
- Para os seres humanos a
existência precede a essência; as pessoas fazem de si mesmas o que são.
- Sartre:
“Antes de tudo, o homem existe, cresce, surge em cena e, somente depois, é
que se define.” (p. 147)
- Mundo
objetivo: tudo traz sua essência: sal é sal, mar é mar etc.
- Mundo
subjetivo:
a. Os homens não são homens antes de se fazerem assim.
b. Rosa: “Criatura gente é não e questão”
- Exemplo
do soldado que tem de tornar-se corajoso.
- Cada pessoa é
totalmente livre com respeito à sua natureza e ao destino.
- Temos
soberania em nosso universo subjetivo.
- Conferir
Sartre, O existencialismo é um
humanismo.
- Conferir
Sloterdijk sobre Sarte.
- O altamente elaborado e
firmemente organizado mundo objetivo se coloca contra os seres humanos e
parece absurdo.
- O
mundo objetivo se nos afigura absurdo.
- “somos
todos estrangeiros em uma terra estranha, e quanto mais cedo aprendermos a
aceitar esse fato, tanto mais cedo transcendemos nossa alienação e
superamos o desespero.” (p. 149)
- O
desafio da morte: o absurdo final.
- No pleno reconhecimento
e contra o absurdo do mundo objetivo, a pessoa autêntica deve revoltar-se
e criar valores.
- Enquanto
seres conscientes, criamos valores.
- “A
pessoa que vive uma autêntica existência é aquela que se mantém cônscia da
condição absurda do cosmo, mas que se rebela contra essa condição, criando
significado.” (p. 150)
- Dostoievski:
“O significado da vida de um homem consiste em provar todo o tempo a si
mesmo que ele é um homem, e não uma tecla de piano” (p. 151)
- O
mal é a passividade, a ausência de escolha. Por conseguinte, é o bem a
escolha.
- Semelhante
diretiva é satisfatória? Que sentido teria o bem em semelhante
argumentação?
- Como
julgar estes atos?
a. Massacre de judeus pelos nazistas
b. Massacre de palestinos por judeus
c. Atentado terrorista aos EUA em 11/9/2001
d. A destruição do Iraque pelos EUA
- Como
distinguir o moral do imoral? Como fazer sentido ao sentimento inato de
que o outro tem direitos assim como eu?
Um santo sem Deus
- Dostoievski, Irmãos Karamazovi:
- “Se
Deus está morto, tudo é permitido”
- Não
há santos, nem pecadores.
- Não
há moral, nem imoral.
- Não há base para a ética.
- Albert Camus, A peste:
- 1947.
- Seu
espaço é a cidade de Oran, na África do Norte.
- Algumas
personagens, entre as quais o Dr. Rieux e Jean Tarrou, buscam encetar
ações boas em meio a um mundo absurdo.
- Problema:
a partir de que bases podemos julgar suas ações preferíveis às das outras
personagens?
Consegue o existencialismo transcender o niilismo?
- Divórcio realidade
objetiva e subjetiva.
- A resposta de
Kierkegaard a uma ortodoxia fria e vazia – a conduzir ao niilismo teológico.
- Neo-ortodoxia.
- “Deus
é infinito e pessoal (trino).
- É
transcendente, imanente, onisciente, soberano e bom.
- Deus
criou o cosmo ex nihilo para
operar com uma uniformidade de causa e efeito em um sistema aberto.
- Os
seres humanos são criados à imagem de Deus, assim podem conhecer algo de
Deus e do cosmo e podem agir com significado.
- Deus
pode e se comunica conosco.
- Nós
fomos criados bons, mas agora somos decaídos e precisamos ser restaurados
por Deus por meio de Cristo.
- Para
os seres humanos, a morte é ou o portão para a vida com Deus e seu povo ou
para sempre separada de Deus.
- A
ética é transcendente e baseada no caráter de Deus.” (p. 161-2)
- Os seres humanos são seres pessoais que, quando chegam à plena consciência, descobrem-se em um universo hostil; se Deus existe ou não é uma questão difícil a ser resolvida, não pela razão, mas por meio da fé.
- O
existencialismo teísta não começa com Deus, mas com a escolha humana.
- O
caráter ambivalente do universo: ordem e, por vezes, ausência de sentido.
- Amor
e bondade, por vezes; e, não raro, violência.
- Salto
da fé – crer em Deus apesar do absurdo.
- “cada
pessoa, na solidão de sua própria subjetividade, envolta muito mais em
trevas que em luz, deve escolher. E essa escolha deve ser um ato radical
de fé.” (p. 164)
- O pessoal é que possui
valor.
- “os
existencialistas teístas enfatizam o pessoal como valor primário.” (p.
166)
- Conferir o quadro que se segue – contraste entre ortodoxia morta e existencialismo cristão:
|
Despersonalizado
|
Personalizado
|
Pecado
|
Quebrar
uma regra
|
Trair
um relacionamento
|
Arrependimento
|
Admitir
a culpa
|
Tristeza
quanto à traição pessoal
|
Perdão
|
Suspender
a penalidade
|
Renovar
a amizade
|
Fé
|
Crer
em um conjto de proposições
|
Comprometer-se
c. uma pessoa
|
Vida
cristã
|
Obedecer
às regras
|
Agradar
ao Senhor, uma pessoa
|
- Possível
reação dos teístas:
1. A segunda coluna demanda a existência da primeira.
2. O teísmo sempre incluiu a segunda coluna em seu sistema.
- Problemas:
a. Nem sempre o teísmo é bem compreendido.
b. As igrejas não raro se concentram na primeira coluna.
- “Isso
levou o existencialismo a resgatar muitos teístas com respeito ao pleno
reconhecimento da riqueza de seu próprio sistema.” (p. 167)
- Necessidade de autocrítica – sob pena de recairmos numa presunção diabólica. Sentirmo-nos os campeões da ortodoxia.
- O conhecimento é
subjetividade; a verdade total é com frequência, paradoxal.
- A semelhante processo, pelos extremos a que conduz (pelagianismo ou hipercalvinismo), pode-se resistir quando assumimos que se somos criados à imagem de Deus, alguma parcela de verdade nos é dado conhecer.
- A história como registro de eventos é incerta, sem importância, mas a história como modelo, tipo ou mito a ser feito presente e vivenciado é de suprema importância.
- A
alta crítica do século XIX: desconfiança quanto à existência dos milagre –
de que decorre afirmar-se a perda de credibilidade das Escrituras.
- Em
vez de então abandonarem a fé cristã, passam a tomar a narrativa bíblica
enquanto instância que proveria modelos morais de comportamento.
- “Os
fatos registrados no texto bíblico não eram importantes, mas os seus
exemplos de um bom viver e suas imortais verdades morais é que o eram.”
(p. 172)
- “Dizia-se
sobre a queda que ela não teria ocorrido lá atrás, no tempo e espaço, mas
cada pessoa reproduz essa hipótese em sua própria vida.” (p. 174)
- Boa
crítica de Lloyd Geering, em Resurrection:
a symbol of hope: “Como pode um não evento [a ressurreição que não
aconteceu] ser considerado um símbolo de esperança ou, na verdade, de
qualquer outra coisa? Se algo aconteceu, tentamos ver o que significa. Se
não aconteceu, a questão não pode ser suscitada. Somos levados de volta
para a necessidade de um evento Pascal.” (p. 175)
- “Deve haver um evento para se haver propósito.” (p. 175)
è Não necessariamente. Os mitos nutrem-se dessa relação
não obrigatoriamente simétrica com o plano da faticidade.
- Não tenho
dificuldade em acolher diversos elementos do existencialismo. Mas é necessário
esclarecer-se os limites dessa cosmovisão, bem como suas consequências nada
animadoras.
Muito bom o resumo, mas fica a dica para os próximos artigos, citar a obra e seu respectivo autor. Vi que usou James W. Sire - O universo ao lado
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